domingo, 22 de outubro de 2017

Relógio feito de pedra

Deus é uma bomba.

Não há lugar no céu que não esteja cheio desse inferno.

Vivendo num relógio feito de pedra, acima do plano terrestre, numa altura bem distante o universo meu também me dá vertigens.

Não há recompensas para mim, desolado em meus pensamentos e meus braços...

Chego a ficar agonizando e o meu corpo arder nos infernos aéreos.

Amanhece, e vem a "peste" luminosa e quente abrasar todo o cenário carioca.

De eterna brancura passo a um amarelado ácido, como folha de papel envelhecido. 

Amanhã, devo trabalhar, um trabalho que não produz nenhuma recompensa. 

São ossos do ofício o que faço? 

Merda, ninguém responde por mim. 

Devo aturar mais uma sessão de esperas que nunca chega.

A "esperança" é uma ilusão doentia da medicina e o hospital um lugar de pouco bom senso.
 

Acho que não tenho nada a esperar...vou ficando caduco e a minha razão sobre o mundo exterior é de extrema repugnância.

As horas parecem demorar e passam devagar, mesmo sabendo que sua duração não é eterna. 


Uma hora chega, no qual eu me dou conta, e lá vou eu novamente para a "terra do nunca"...

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